Por que beijamos?
12 de agosto de 2015 às 8:00
Analisando friamente, beijar é algo um tanto estranho: a troca prolongada de saliva com outra pessoa aumenta a possibilidade de transmitir até 80 milhões de bactérias com um único gesto.
Ainda assim, praticamente todo mundo se lembra de seu primeiro beijo, com todos os detalhes íntimos e deliciosos. E beijar continua sendo uma parte importantíssima do romance. Quem vive nos países do Ocidente pode pensar que o beijo na boca é um comportamento humano universal.
Mas um estudo recente, realizado por especialistas das Universidades de Nevada e Indiana, nos Estados Unidos, sugere que menos da metade das culturas do mundo adota o gesto. Beijar também é extremamente raro entre os bichos.
De onde vem o beijo, então? Se é algo útil, por que não é adotado por todos os humanos e outros animais?
Invenção recente
Bem, pode ser justamente o fato de outros não beijarem o que explicaria nossa preferência pelo gesto.
Segundo o estudo americano, que analisou 168 sociedades em todo o mundo, apenas 46% delas cultivam o hábito do beijo como uma demonstração romântica. Anteriormente, pensava-se que seriam 90%. A pesquisa excluiu o beijo entre pessoas da mesma família e se concentrou apenas no beijo na boca entre casais. Muitas sociedades que se baseiam na caça não demonstraram interesse em beijar, e algumas até consideram o ato repugnante. A tribo dos Meinacos, que vive no Xingu, teria se referido ao ato como “nojento”, de acordo com os pesquisadores americanos.
Como esses grupos são os que possuem um estilo de vida mais próximo do de nossos ancestrais, é possível imaginar que o beijo tenha sido uma invenção recente. Segundo o antropólogo William Jankowiak, um dos autores do estudo, o gesto parece ser um produto das sociedades ocidentais, passado de uma geração a outra.
Em 2013, Wlodarski entrevistou centenas de voluntários sobre suas preferências na hora do beijo. A importância do cheiro foi citada pela maioria deles, e aumentava ainda mais quando as mulheres estavam em seu período mais fértil.
Cientistas descobriram que os homens também produzem uma versão do feromônio que é tão atraente entre os animais. O hormônio está presente no suor masculino e, quando as mulheres o percebem, tendem a ficar ligeiramente mais excitadas.
Segundo Wlodarski, os feromônios são essenciais na escolha de parceiros entre os mamíferos, e nós, humanos, temos alguns deles.
Desse ponto de vista, o beijo seria apenas uma maneira culturalmente aceitável de se chegar perto o suficiente de alguém para detectar seus feromônios.
Em algumas culturas, esse comportamento evoluiu para o contato físico entre os lábios. “É difícil saber quando exatamente isso aconteceu, mas o objetivo do beijo é o mesmo do farejar entre os animais”, conclui o cientista.
Fonte: BBC