Estudos dos restos do Rei Richard III dão uma perspectiva sobre a saúde bucal na Idade Média
3 de setembro de 2015 às 8:00
O estereótipo, muitas vezes visto em filmes de camponeses com dentes escurecidos e cavitados durante a Idade Média, talvez seja só um mito.
Graças aos restos do Rei Richard III da Inglaterra, que foram descobertas em 2012, pesquisadores continuam compreendendo melhor os hábitos de higiene bucal daquela era.
Um estudo no British Dental Journal em abril de 2013 descobriu que Richard III, o último rei a morrer em batalha, tinha péssima higiene bucal, sofrendo de cálculos dentais e cáries dentárias.
O estudo descobriu, diferentemente da era moderna, que pessoas de classes sociais mais altas tinham mais cárie dentária na Idade Média. Segundo o estudo, “Como as classes mais baixas tinham acesso limitado à dieta baseada em açúcares e dificuldade para cozinhar carboidratos, resultou na redução da cárie,”. “Pela mesma lógica, é provável que os indivíduos mais influentes conviveram mais com a cárie, como no caso dos restos em Grey Friars.”
Os restos esqueléticos de Richard III, Rei da Inglaterra de 1483 a 1485, foram encontrados em setembro de 2012 embaixo de um estacionamento—antes, o local da Igreja de Grey Friars onde ele foi enterrado em uma sepultura anônima.
Os pesquisadores descobriram que alguns dos dentes estavam faltando, muito provavelmente devido à cárie dentária. Nos outros dentes, os restos sugerem a formação de cálculo dental durante um período de tempo.
No entanto, alguns dentes mostraram menos evidência de formação do cálculo dental sugerindo que o Richard III tinha “algum grau de contato com a higiene dentária, mesmo que básico.”.
Os pesquisadores também descobriram que a evidência do espaçamento em dois dentes faltando, aponta à “extração anterior desses dentes por mãos habilidosas.”. De acordo com o estudo, cirurgiões bárbaros praticavam odontologia na época.
Também não é “impossível” que Richard III tenha praticado as 10 regras que Giovanni de Arcoli, professor de medicina e cirurgia na Itália entre 1412-1427, desenvolveu para ajudar na preservação dentária.
A lista inclui precaução ao comer doces, enxaguar e limpar os dentes após cada refeição usando “pequenos pedaços de madeira.” Giovanni de Arcoli foi o primeiro a arquivar o uso de folha de ouro como material restaurador, apesar de não estar familiarizado com a morfologia dentária, segundo pesquisadores.
“A provisão da odontologia no século 15 era surpreendentemente sofisticada com evidências de restaurações avançadas,” conclui o estudo.
Fonte: ADA