27 de agosto de 2013 às 9:00
Gengivas inchadas, dentes faltando e outros sinais de má higiene oral são considerados porta de entrada para infecção do papiloma vírus humano (HPV), sexualmente transmissível e causador de tumores na nuca, boca e garganta.
Um estudo publicado semana passada na revista “Cancer Prevention Research” é o primeiro a relacionar o HPV à higiene oral, mas especialistas alertam que ainda é cedo para afirmar que escovar os dentes e usar fio dental regularmente sejam fatores de prevenção da doença.
“A descoberta é uma associação modesta, ainda não sabemos se a pouca higiene oral pode levar à infecção por HPV e evoluir para o câncer, por exemplo” explicou a epidemiologista Aimée Kreimer, do Instituto Nacional de Câncer.
Esta constatação sugere uma outra desvantagem potencial para a higiene deficiente “por causa de uma possível associação entre pessoas pobres e a presença do papiloma vírus humano, que em si é identificado com várias doenças”, disse Sol Silverman, professor de medicina oral na Universidade da Califórnia, em São Francisco, e porta voz da American Dental Association.
Pesquisadores do Centro de Saúde e Ciência da Universidade do Texas revisaram dados dos grupos de alto e baixo risco em infecção por HPV e saúde bucal: 3.439 adultos, com idades entre 30 e 69 anos, que fizeram parte da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição 20092010 (NHANES).
O estudo descobriu que homens, fumantes e com múltiplos parceiros de sexo oral têm mais probabilidade de infecção oral por HPV.
Depois de isolar o tabagismo e o número de parceiros de sexo oral, no entanto, o novo estudo descobriu que má saúde bucal foi um risco independente para infecção oral por HPV: os riscos de ter infecção oral por HPV aumentam 55% entre os que relatam a saúde bucal como pobre.
“Acreditamos que úlceras, inflamações da gengiva, feridas ou lesões são portas de entrada para o HPV” disse Christine Markham, coautora do estudo e professora associada da Universidade de Texas.
“Os cânceres orais causadas pelo HPV são normalmente encontrados perto das amígdalas ou na base da língua, e é difícil ver como essas regiões poderiam ser diretamente afetadas pela inflamação periodontal. Três das quatro medidas utilizadas para avaliar a saúde bucal dos participantes, incluindo a presença de doença periodontal e dentes faltantes, foram relatadas no estudo.