Colorir o aparelho por conta própria pode ser perigoso!
13 de agosto de 2013 às 9:00
Uma nova moda vem preocupando os dentistas: o uso, pelos pacientes, de borrachinhas ortodônticas coloridas para aparelhos dentários sem nenhum acompanhamento. E pior, compradas em sites da internet junto com outros produtos voltados para quem usa aparelho. O resultado da “brincadeira” pode ir da perda de dente até o surgimento de doenças.
O aparelho dentário convencional é feito em aço inoxidável graças a sua biocompatibilidade e resistência. Ele é fixado nos dentes com substâncias adesivas adequadas e composto por bandas (em volta de um ou a vários dentes, utilizadas como âncora para o aparelho), fios, elásticos e brackets (peça colada ao dente). Num tratamento normal, o paciente visita o ortodontista uma vez ao mês para que o aparelho seja “apertado”, pois, por meio disso, os dentes gradualmente vão para a posição correta. Os adeptos da novidade, no entanto, além de não procurarem o profissional para a manutenção, compram as peças pela internet, colocam-nas nos dentes sozinhos em casa e fazem as trocas de fios e elásticos sem terem nenhum preparo para isso.
Trocas
Todas as vezes que as ligaduras são trocadas é promovida a aplicação de força nos dentes, que, entre outras variáveis, é o que vai provocar a movimentação dos mesmos para a devida correção. Porém, para que este movimento aconteça, é necessário ocorrer a remodelação da estrutura de suporte, ou seja, do tecido ósseo e gengival. Estes sofrem uma série de modificações para que o dente se movimente. O controle de todo esse processo só pode ser feito pelo especialista para que tudo aconteça dentro do tempo certo e nas condições adequadas. Assim, trocas frequentes de elásticos significam aplicação de força constante, o que poderá acarretar desde a perda da estrutura de suporte (osso e gengiva) até a perda dos dentes nos locais em que esses elásticos estão apoiados. Somente o especialista está capacitado a reconhecer o momento certo de trocar as ligaduras e qual força deve ser empregada para cada caso.
Pior ainda é o que pode acontecer com a troca também dos fios ortodônticos: para cada fase do tratamento é recomendado um tipo de liga metálica, com distintas propriedades mecânicas, e só o ortodontista tem a capacidade de, com seu conhecimento embasado principalmente em evidências científicas, determinar qual a liga metálica indicada à fase de tratamento em que o paciente se encontra e suas individualidades.
Biossegurança
Outro ponto importante é a qualidade e origem dos produtos comercializados na internet. Os usados em consultório são regulamentados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Pessoas estão comprando esses itens pela internet, até em rede sociais, ou seja, sem controle nenhum. É importante uma investigação da citotoxicidade (propriedade de uma substância de ser tóxica) desses itens, para se obter informações das suas potencialidades irritantes, pois estarão sendo usados dentro da cavidade oral. O fio ortodôntico pode até oxidar os elásticos, se liberarem substâncias tóxicas, podem causar irritação e provocar sangramento gengival. A longo prazo, por efeito cumulativo, podem até causar alterações sistêmicas que podem provocar doenças.