Anestesia pega em região inflamada?
7 de fevereiro de 2017 às 8:00
Por um acaso você já ouviu alguém dizer que anestesia na boca em um local já inflamado, não pega? Pois é, essa crença é mais comum do que se imagina, mas será que ela tem algum fundamento? Vamos entender essa história?
Primeiro, vamos entender com a anestesia funciona. Quando sentimos dor significa que algo não vai bem no nosso organismo. O local afetado que está emitindo esse sinal é ligado por nervos até o cérebro que capta todas as sensações do corpo e percebe o problema.
Quando o anestésico local é aplicado ele reage quimicamente na região da dor impedindo que esse sinal seja transmitido até o cérebro, ou seja, ele interrompe o mecanismo de transmissão, inibindo de forma reversível a condução dos nervos no organismo.
E na área inflamada?
Quando uma região está inflamada ela deixa o pH da boca muito baixo, ou seja, ácido. O pH ácido ioniza as moléculas do anestésico transformando-o, assim o medicamento deixa de ser e de agir como molécula. E para ser bem absorvido pelas células nervosas, o anestésico precisa estar na forma molecular, pois só assim ele vai conseguir bloquear a abertura dos canais de sódio impedindo que o sinal de dor seja transmitido.
Essa seria, inclusive, a explicação para ainda hoje alguns pacientes reclamarem de dor durante o tratamento de canal, por exemplo. Afinal, quando a pessoa chega ao ponto de precisar desse procedimento é porque essa região da boca já está bastante comprometida.
Alternativa
Mas calma, nem tudo está perdido, existe uma alternativa para esse problema. Podemos usar uma técnica chamada troncular que consiste em colocar o anestésico no tronco nervoso, uma região que está distante da região inflamada, para que o anestésico tenha o efeito de eliminar a dor.
O profissional pode ainda optar por usar calmantes durante alguns procedimentos mais doloridos, afinal, nervosismo e ansiedade são fatores que podem agravar a percepção de dor.
Outras falhas
Mas não são só nesses casos que a anestesia pode “falhar”. As diferenças anatômicas entre as pessoas já causaram muita dor de cabeça para profissionais e pacientes.
Nem todas as pessoas tem a mesma anatomia, aliás, variações anatômicas acontecem com certa frequência. Essas diferenças resultam em nervos afastados da região prevista (mesmo que seja apenas alguns milímetros) podendo prejudicar o efeito anestésico, principalmente nas anestesias tronculares.
Existem também pessoas que são mais tolerantes à algumas medicações do que outras. Todo nervo tem uma camada externa chamada de Bainha de Mielina, que protege os nervos. Quando essa bainha é muito espessa, a anestesia pode falhar.
fonte: Agência Beta